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VIOLÊNCIA ESCULPIDA: A CULTURA DO ESTUPRO EM MONUMENTOS DE MULHERES
Última alteração: 2025-02-03
Resumo
O machismo é uma manifestação enraizada na desigualdade de gênero que permeia diversas esferas da sociedade, inclusive na forma como os monumentos são percebidos. O assédio aos monumentos, especialmente às estátuas de representações femininas, reflete essa mentalidade sexista que objetifica e desrespeita a figura das mulheres. O presente estudo questiona como a cultura do estupro se manifesta em elementos do patrimônio cultural, em específico nos monumentos que representam mulheres, a partir da campanha #UnsilenceTheViolence da ONG Terre des Femmes, que utilizou estátuas nas cidades de Munique, Berlim e Bremen, na Alemanha, e da estátua da Medusa, obra do artista argentino Luciano Garbati. Em resposta a tal questionamento objetiva-se analisar as manifestações da cultura do estupro em estátuas de mulheres e verificar ações de combate a tais violências, na perspectiva do contramonumento. Para articular esta resposta, bem como alcançar o objetivo proposto, esta pesquisa se caracteriza, metodologicamente, como exploratória, qualitativa e documental. Os resultados apontam as estátuas de mulheres como alvo de atos de vandalismo, demonstrando como o machismo perpetua a ideia de que o corpo das mulheres é público e passível de uso para gratificação sexual, mesmo na forma de representação artística, reforçando a cultura do estupro. Conclui-se que coibir tais violências exige estratégias para combater o machismo, além de apenas promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres. São necessárias mudanças profundas na mentalidade coletiva, de modo a reconhecer e respeitar a dignidade e autonomia das mulheres em todas as suas formas de expressão, incluindo as representações artísticas.
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