Derivado de uma pesquisa de tese, o artigo objetiva analisar as apreensões leitoras de um grupo de sujeitos rurais situados em Independência, Ceará, e em municípios vizinhos, com uma amostra de cadernos especiais produzidos pelo jornal cearense O Povo sobre a região semiárida desse Estado. Reflete como as apreensões aconteceram atravessadas por ordenações sociais, destacando as intervenções e as negociações de sentido mobilizadas pelos sujeitos. Da mesma forma, considera as subjetividades leitoras que, ancoradas em experiências pessoais, comuns no meio investigado, participaram das formações de sentido em questão, gerando leituras improváveis ou não autorizadas no âmbito das ordenações do contexto e perante as prescrições simbólicas e informacionais do jornal que, por via dos cadernos, tencionava constituir vínculos sociais, mediando discussões sobre a realidade sertaneja. Considera finalmente que as apreensões leitoras dos sujeitos rurais, em suas múltiplas ancoragens acionadas, são exemplares do fenômeno de apropriação da informação entendido como gesto de intervenção e de negociação significante dos sujeitos.