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O texto recorre à criação dos Archives nationales da França, demonstrando como o modelo institucional dos arquivos nacionais assume uma função administrativa e cultural, com o objetivo da criação do patrimônio nacional. Discute a entrada de conjuntos documentais privados no Arquivo Nacional (Brasil) ao longo do tempo, desde sua criação. Considera a dupla função – administrativa e cultural – da instituição, bem como seu papel na formação da memória e do patrimônio nacional, composto também, desde o século XIX, por documentos de origem particular. Analisa as duas políticas de aquisição formalmente estabelecidas em 2018 e 2019. Aponta antecedentes dessas normativas, identificando iniciativas voltadas à definição de procedimentos de entrada e linha de acervo a partir da década de 1980. Para tanto, realiza análise documental – sobretudo processos administrativos do Arquivo Nacional – e de fontes orais – depoimento de servidores da instituição –, em uma pesquisa que se configura como exploratória e qualitativa. Aponta o caráter político das entradas de acervos privados, em oposição ao discurso institucional que busca ressaltar a dimensão técnica e objetiva dessa atividade. Relaciona tais formulações discursivas ao ideal de imparcialidade fundador do campo arquivístico e propõe o desenvolvimento de pesquisas congêneres, com o intuito de evidenciar o papel ativo das instituições na formação do acervo que custodiam.