Última alteração: 2025-02-06
Resumo
O presente artigo tem em sua concepção uma análise do corpo no Candomblé como documento, no sentido de objeto material e simbólico, fatores predominantes como produto nos estudos da prática documentária. O estudo parte da hipótese de que a noção contemporânea de corpo como documento deve ser abordada segundo sua condição de informatividade. Candomblé é uma prática ancestral com mais de 300 anos, formado no Brasil Colonial, para integração dos negros escravizados à África Ancestral. Para os adeptos das religiões de matriz africana, o corpo é a morada de divindades e a porta de comunicação entre elas e os seres humanos. Com uma abordagem qualitativa exploratória, a metodologia utilizada fez uso de um levantamento bibliográfico seguido da técnica conhecida como informante-chave (Key informant technique). Neste artigo preserva-se o vocabulário Yorùbá e Kigongo para visibilidade e valorização da linguagem africana no Candomblé. O resultado apresentado revelou que o corpo, na ótica do Candomblé, extrapolando sua simples condição física revela uma memória ancestral por meio de símbolos indumentários, gestos, movimentos e kuras, expressando uma visão de mundo específica de tradições africanas. Conclui-se que o corpo no Candomblé, como instância física e informativa, se torna um documento que sob ações e condições contextualizadas, potencializa a circulação social do conhecimento relativo à memória ancestral dessa religiosidade.